Identifico a dona do cabelo e pergunto o que aconteceu.
A criança começa a chorar e diz que uma caneta ficou presa no cabelo e, completa:
“Foi a única forma que achei de tirar”
Diante desta cena, reflito sobre “o choro”...
Quais seriam as emoções que o desencadeiam?
Medo da mãe (no caso eu)? Arrependimento? Culpa? Ou o que mais?
Na hora, percebi como medo e como se tivesse tomado um duro golpe, realizei que se tem duas pessoas neste mundo inteiro que eu NÃO QUERO que tenham medo de mim, são os meus filhos!
Diante disso, só consegui dizer:
“Tá tudo bem filha! Me conta o que aconteceu? Como foi?”
Depois, me vejo tocada pela frase: “Foi a única forma que achei de tirar”.
Passou um filme na minha cabeça de alguns momentos onde “eu não sabia o que fazer” e tive que tomar decisões - as únicas que consegui na ocasião!
Então pude compreender o quanto é difícil tomar decisões e que “todo mundo” faz aquilo que dá conta no determinado momento.
Mais que “saber” disso, reconhecer isso em nós, nos ajuda a sermos mais compreensivos e menos julgadores das decisões tomadas pelos outros.
Na ocasião com minha filha, eu validei a ação. Disse:
“Agora ficou claro! Essa foi a maneira como você resolveu... entendi!”
Perceba: não tem um “parabéns” e nem um “que ideia foi essa!”
Apenas um reconhecimento daquilo que foi “possível” dentro do repertório, recursos e condições que ela dispunha.
Agora sim, com o choro acolhido, tomada de ação (movimento) validado, vamos para os próximos passos:
1. Pegar o aspirador e limpar a sujeira;
2. O que você sentiu de fato (não o que eu julguei como medo)?
3. Quais seriam as outras formas de resolver esta situação? Vamos pensar juntas?
4. Como se sente agora?
Eu sempre digo que a maternidade é um espaço para eu tratar “a minha criança” como eu gostaria de ser tratada. Mas para isso CUSTA, estar presente, perceber como a situação me afeta e ainda transitar como observadora de mim mesma (nesses movimentos internos entre as minhas feridas, revoltas e medos) para agora, no lugar de adulta, agir de maneira diferente.